domingo, 5 de agosto de 2018

Reflexão 4. LAODICEIA E A IGREJA ATUAL

“Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Apocalipse 3:20).

O terceiro capítulo do Apocalipse traz a mensagem de Jesus através de João à Igreja de Laodiceia, texto do qual transcrevemos o verso acima. Destaquemos os pontos mais importantes.

Cristo define a vivência e as obras da Igreja, as quais ele conhece, afirmando: “Você não é frio nem quente”. Ser morno, em muitas situações de vida, é realmente muito desagradável. O alimento, por exemplo, se estiver numa temperatura assim definida, torna-se intolerável. Espiritualmente falando, Cristo gostaria de encontrar igrejas que fossem quentes, aquecidas pelo seu Espírito e voltadas para a missão de pregação do evangelho e manutenção dos resultados. Mesmo assim, melhor seria “8 ou 80”, ou seja, “que você fosse frio ou quente!” Como reação divina, o texto nos diz: “Estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”.

É chocante a análise da situação feita por Cristo para a Igreja. Ela diz numa falsa autoanálise: “Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada”. A análise divina é completamente oposta: Você “é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e está nu”. Quem está nesta situação não pode se considerar rico e sem necessidade de coisa alguma. Não será esta a situação de muitas igrejas locais, e mesmo denominações hoje? Para corrigir a situação, Jesus dá dois conselhos. Primeiramente ele diz: “Compre de mim ouro refinado no fogo, e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar”. Ouro puro de origem espiritual pode tornar a igreja rica, não sob o prisma humano, mas divino. Roupas brancas podem cobrir a vergonhosa nudez humana diante de Deus pelo pecado, indumentárias fornecidas pelo próprio Deus após arrependimento e perdão. O colírio espiritual fornecido por Deus pode ungir os olhos da igreja, permitindo que ela enxergue sua própria situação e a do mundo. O Senhor repreende e disciplina aqueles a quem ele ama. Por isso, diz Cristo à Igreja como último conselho: “Seja diligente e arrependa-se”.

Chegamos finalmente à parte que exprime a mais dolorosa realidade com relação à Igreja de Laodiceia: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” Usada como mensagem de apelo em muitas ocasiões através de hinos e de pregadores que convidam o pecador ao arrependimento e à aceitação de Cristo como Salvador, no contexto no qual foi proferido, a mensagem foi proferida por Cristo, aquele que disse que edificaria a igreja e que nada prevaleceria contra ela. A igreja deixou seu Criador, Edificador e Mantenedor fora das portas, a ponto de ele ter que bater e solicitar admissão, ou melhor, readmissão! Será que isto realmente já aconteceu ou está acontecendo? Igreja Cristã sem Cristo?!  

Deus sempre contou, em todos os eventos históricos, com um remanescente fiel, aquele ou aqueles que não se desviaram ou que procuraram manter o rumo inicial. Também na pior igreja das sete do Apocalipse, Deus sabe que será assim. Ao que permanecer até o final, ao vencedor, diz Cristo: “... darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono.”

Como estamos nós hoje, como Igreja de Cristo em nossa visão, fé e atuação no mundo? Será que Laodiceia representa realmente uma visão profética da Igreja dos nossos dias? Desde a Reforma Protestante até agora, surgiram inúmeros modos diferentes de ser igreja cristã. Como realidade mais atual, aparecem hoje as igrejas emergentes, dando maior ênfase a relacionamentos e experiências pessoais e não a doutrinas. O nome “emergente” provém de cristãos descontentes, que se envolviam em igrejas evangélicas tradicionais e que emergiram de ideologias e estruturas de igrejas pré-existentes. Talvez a origem mais remota do movimento possa ser ligada ao “Movimento Jesus” dos anos de 1970. O foco é trazer o Reino de Deus à terra através do cuidado pelos pobres, o amor ao próximo e um encorajamento aos cristãos a crescerem mais profundamente em sua fé. Ideias como a importância da comunidade e a vida “missional” são temas constantes no movimento. Em vez de união entre as lideranças conservadoras e a novas, os grupos têm-se dividido, quando ideias radicais sobre a fé se chocaram com as novas perspectivas. Chavões como “missional”, “holístico”, “narrativa” e “conversação” são facilmente identificáveis, mas uma declaração formal de crença não é fácil de se achar. Constituindo-se em um grupo multifacetado e informal e por não ser um movimento uniforme, a Igreja Emergente não é fácil de ser definida ou mesmo entendida. Embora defenda assuntos e procedimentos nos quais a igreja tradicional realmente estagnou, é preciso conhecer o conjunto da obra para que se chegue a um consenso a respeito das Igrejas Emergentes.

Se a volta de Cristo fosse hoje, encontraria ele fé na terra? Como está a sua fé, a minha, a fé da Igreja? Será que acabaremos nos constituindo em Igreja Cristã sem Cristo? Ele é o edificador, mantenedor e Senhor da Igreja e deve se constituir sempre no seu cerne. Sejamos Igrejas cristocêntricas, sem perder o foco do evangelho apostólico e bíblico, atuando neste mundo pós-moderno e ansiando pelo arrebatamento.

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...