A Europa começou a
povoar-se de castelos fortificados após a invasão dos povos germânicos,
acentuando-se a tendência para a formação dos feudos. O feudo era uma grande
propriedade rural que abrigava o castelo fortificado, as aldeias, as terras
para cultivo, os pastos e os bosques.
O Feudalismo foi uma
organização econômica, política, social e cultural baseada na posse da terra,
que predominou na Europa Ocidental durante a Idade Média. Na sociedade feudal havia
três estamentos sociais: nobreza, clero e servos. O nobre protegia militarmente
a sociedade, o clero rezava e o servo trabalhava. No topo da hierarquia social,
o rei, com pouco poder político, dividia-o com os senhores feudais. A nobreza
era proprietária de terras, exercendo poder absoluto em seus domínios, onde aplicava
as leis, concedia privilégios, administrava a justiça, declarava a guerra e
fazia a paz. A Igreja se tornou a mais poderosa instituição feudal, pois era
proprietária de vastas extensões de terra. Os servos estavam presos à terra e
subordinados a uma série de impostos e serviços.
A Igreja Católica foi uma das instituições mais
importantes e poderosas do período
feudal; indo além da função de evangelizar, ela exercia uma forte
influência na política e nas relações sociais. Os membros mais elevados do
clero, como os bispos, viviam entre os nobres. Toda família nobre deveria
enviar um filho para que seguisse a carreira eclesiástica, sendo tudo naquele
período regulado pela religião. No período feudal, a igreja já dispunha de uma
hierarquia, com o comando nas mãos do Papa e as divisões internas estabelecendo
o alto e o baixo clero.
Com papel preponderante na formação do
feudalismo, a Igreja Católica, além de grande proprietária de terras,
estruturou a visão de mundo do homem medieval. Na realidade, foi a instituição
que sobreviveu às inúmeras mudanças ocorridas na Europa do século V e, ao
promover a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose entre o mundo
romano e o bárbaro. Tornou-se ela herdeira da cultura clássica, monopolizando o
conhecimento no universo medieval. Sua estrutura fortemente hierarquizada
colaborou para que ela ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o
poder. Internamente havia uma divisão entre o alto clero, membros da nobreza
que exerciam cargos de direção, e o baixo clero, composto por pessoas
originárias dos seguimentos mais pobres da população. O comando de toda essa
estrutura lentamente concentrou-se nas mãos do bispo de Roma, que se tornou
papa a partir do século V.
Para cumprir a missão de evangelização dos
reinos bárbaros entre os séculos V e VII, parte do clero passou a conviver com
os fiéis, constituindo o baixo clero, ou clero secular, afastado dos mosteiros.
Com o passar do tempo, parte dos religiosos se vinculou aos aspectos temporais
e materiais do mundo medieval, assimilando hábitos, interesses, relações,
valores e costumes dos homens comuns e afastando-se das origens doutrinárias e
religiosas. Paralelamente ao clero secular surgiu o clero regular, formado por
monges que serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos em
mosteiros. Os mosteiros acabaram se tornando o centro da vida cultural e
intelectual da Idade Média, cumprindo funções econômicas e políticas
importantes.
Entre os séculos XI e XIII, a Igreja viveu
diversas crises e mudanças. Surgiram movimentos que questionavam alguns dogmas
cristãos e por isso foram considerados heréticos. Os cátaros, valdenses,
patarinos, entre outros, condenavam a riqueza da Igreja e não se submetiam à
autoridade do papa. Organizou-se então o Tribunal do Santo Ofício, no século
XII, a temível Inquisição. Dessa crise surgiu uma reforma na Igreja Católica,
promovida pelo papa Gregório IX, no século XI. Entre os pontos fundamentais,
estabeleceu-se que os senhores feudais não poderiam mais nomear os bispos de
sua região.
Na própria Igreja também existiam movimentos
contrários ao seu envolvimento nas questões materiais e ao uso da violência
contra os hereges. Eram os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de
pobreza e por isso eram conhecidos como ordens mendicantes, que se misturavam
ao povo, procurando demonstrar a vida pobre e sacrificada do cristão. No
entanto, eles foram incapazes de realizar a moralização definitiva da Igreja. Toda
movimentação contra as interferências da Igreja Católica no mundo material,
iniciada na Idade Média, acabou originando a Reforma Protestante.
Tornado religião oficial do império Romano a partir de Teodósio, ampliando e solidificando seu domínio com as migrações bárbaras, o Cristianismo, através da Igreja, transformou-se no maior proprietário de feudos na Idade Média, ampliando seu poder econômico, político e social. Detentora também do poder espiritual, a Igreja influenciou o pensamento, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média.