segunda-feira, 13 de julho de 2020

17. CATOLICISMO E FEUDALISMO


A Europa começou a povoar-se de castelos fortificados após a invasão dos povos germânicos, acentuando-se a tendência para a formação dos feudos. O feudo era uma grande propriedade rural que abrigava o castelo fortificado, as aldeias, as terras para cultivo, os pastos e os bosques.

O Feudalismo foi uma organização econômica, política, social e cultural baseada na posse da terra, que predominou na Europa Ocidental durante a Idade Média. Na sociedade feudal havia três estamentos sociais: nobreza, clero e servos. O nobre protegia militarmente a sociedade, o clero rezava e o servo trabalhava. No topo da hierarquia social, o rei, com pouco poder político, dividia-o com os senhores feudais. A nobreza era proprietária de terras, exercendo poder absoluto em seus domínios, onde aplicava as leis, concedia privilégios, administrava a justiça, declarava a guerra e fazia a paz. A Igreja se tornou a mais poderosa instituição feudal, pois era proprietária de vastas extensões de terra. Os servos estavam presos à terra e subordinados a uma série de impostos e serviços.

A Igreja Católica foi uma das instituições mais importantes e poderosas do período feudal; indo além da função de evangelizar, ela exercia uma forte influência na política e nas relações sociais. Os membros mais elevados do clero, como os bispos, viviam entre os nobres. Toda família nobre deveria enviar um filho para que seguisse a carreira eclesiástica, sendo tudo naquele período regulado pela religião. No período feudal, a igreja já dispunha de uma hierarquia, com o comando nas mãos do Papa e as divisões internas estabelecendo o alto e o baixo clero.

Com papel preponderante na formação do feudalismo, a Igreja Católica, além de grande proprietária de terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval. Na realidade, foi a instituição que sobreviveu às inúmeras mudanças ocorridas na Europa do século V e, ao promover a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose entre o mundo romano e o bárbaro. Tornou-se ela herdeira da cultura clássica, monopolizando o conhecimento no universo medieval. Sua estrutura fortemente hierarquizada colaborou para que ela ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o poder. Internamente havia uma divisão entre o alto clero, membros da nobreza que exerciam cargos de direção, e o baixo clero, composto por pessoas originárias dos seguimentos mais pobres da população. O comando de toda essa estrutura lentamente concentrou-se nas mãos do bispo de Roma, que se tornou papa a partir do século V.

Para cumprir a missão de evangelização dos reinos bárbaros entre os séculos V e VII, parte do clero passou a conviver com os fiéis, constituindo o baixo clero, ou clero secular, afastado dos mosteiros. Com o passar do tempo, parte dos religiosos se vinculou aos aspectos temporais e materiais do mundo medieval, assimilando hábitos, interesses, relações, valores e costumes dos homens comuns e afastando-se das origens doutrinárias e religiosas. Paralelamente ao clero secular surgiu o clero regular, formado por monges que serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos em mosteiros. Os mosteiros acabaram se tornando o centro da vida cultural e intelectual da Idade Média, cumprindo funções econômicas e políticas importantes.

Entre os séculos XI e XIII, a Igreja viveu diversas crises e mudanças. Surgiram movimentos que questionavam alguns dogmas cristãos e por isso foram considerados heréticos.  Os cátaros, valdenses, patarinos, entre outros, condenavam a riqueza da Igreja e não se submetiam à autoridade do papa. Organizou-se então o Tribunal do Santo Ofício, no século XII, a temível Inquisição. Dessa crise surgiu uma reforma na Igreja Católica, promovida pelo papa Gregório IX, no século XI. Entre os pontos fundamentais, estabeleceu-se que os senhores feudais não poderiam mais nomear os bispos de sua região.

Na própria Igreja também existiam movimentos contrários ao seu envolvimento nas questões materiais e ao uso da violência contra os hereges. Eram os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso eram conhecidos como ordens mendicantes, que se misturavam ao povo, procurando demonstrar a vida pobre e sacrificada do cristão. No entanto, eles foram incapazes de realizar a moralização definitiva da Igreja. Toda movimentação contra as interferências da Igreja Católica no mundo material, iniciada na Idade Média, acabou originando a Reforma Protestante.

Tornado religião oficial do império Romano a partir de Teodósio, ampliando e solidificando seu domínio com as migrações bárbaras, o Cristianismo, através da Igreja, transformou-se no maior proprietário de feudos na Idade Média, ampliando seu poder econômico, político e social. Detentora também do poder espiritual, a Igreja influenciou o pensamento, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média.

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...