A
"geração baby boom", nascida nas décadas de 50, 60 e início de 1970,
foi a primeira a ser atingida. Valores do passado foram substituídos por
direitos e oportunidades. Liberado o "eu", compromissos como
casamento, trabalho, política, religião não eram mais obrigações morais, mas
instrumentos de felicidade pessoal. Saindo do controle moral, a liberação da
sexualidade tornou-se aspiração social e quebrou limites. Ocorreram mudanças
nas atitudes humanas, como a busca da satisfação sexual fora do casamento ou na
homossexualidade. A nova ética terapêutica criou clínicas e centros de terapia,
e o autocontrole, incentivado por instituições religiosas, passou a não ser visto
como saudável, mas sim hipocrisia e conformismo escravizador. A televisão, apelando
aos sentimentos, impactou a Era da Individualidade, desmistificando vários
papéis de liderança tradicionais, levando à rejeição de líderes por liderados,
atingindo o lar, a sociedade e a igreja. Divulgaram-se explosões e movimentos sociais,
como a liberação de negros, mulheres, crianças, deficientes e homossexuais, por
exemplo. A tradicional família judaico-cristã foi atacada, aparecendo diferentes
formas de agregação familiar, ou mesmo a tendência de viver sozinho ou de
"morar junto" sem casamento. A televisão colocou a informação ao
alcance de toda a população até o final do século XX. Não se tinha mais a mesma
opinião unânime sobre a boa sociedade, patriotismo, moralidade ou fé religiosa.
Dois grupos, os tradicionais e os liberacionistas, interpretavam o mesmo valor
de formas diferentes. Leis do divórcio e do aborto, fim da censura,
tolerância a estilos de vida alternativos passaram a ser vistos, de um
lado, como "grandes avanços para a liberdade e dignidade humanas", e
de outro como "decadência moral, degeneração social e declínio
nacional". A relativização da verdade e dos valores permitiu ao ser
humano criar seu próprio código moral, no qual a atividade sexual voluntária é
moralmente neutra; aborto, pornografia, suicídio, eutanásia, além das drogas,
passaram a ser vistos como lógicos, legítimos e humanos na visão dos
liberacionistas.
No
Cristianismo, as duas alas formaram duas tendências: uma resistindo às mudanças
e outra procurando adaptar-se a elas. Cresceu o número de pessoas caracterizadas
como "sem preferência religiosa", afirmando-se crentes, mas não
pertencentes a nenhuma cor cristã. Esse fato gerou a ideia da igreja como um
"supermercado cultural", onde era consumido aquilo que trouxesse
solução imediata para os problemas ou atendesse ao gosto da população. Surgiu o
movimento chamado “Direito Religioso”, no qual o pastor batista Jerry Fawel se destacou,
gerando uma coalizão de cristãos fundamentalistas, pentecostais, evangélicos e
católicos preocupados com o declínio da moralidade nos Estados Unidos. Esse
movimento opunha-se à "Nova Classe", representada por Peter Berger e
criada como consequência da atuação da ala que defendia o humanismo secular e
atacava a família tradicional. Aborto, direitos dos homossexuais e feminismo, temas
combatidos de um lado, foram usados com bandeira pelo outro.
No
final do século, a Igreja incorporou os “símbolos televisivos da afeição” em
suas práticas litúrgicas: o sorriso largo, a compaixão e o conselho público. A
igreja foi escolhida de acordo com as necessidades pessoais e não mais para
buscar-se um encontro com Deus, tornando-se menos doutrinárias e mais
sentimental. Como "famílias" da era do individualismo, as igrejas anunciaram-se
como "ilhas de amor e aceitação em meio a uma sociedade dura e
competitiva". Grande número de igrejas cresceu ainda mais, abandonando a
imagem "negativa" do cristianismo denominacional, e apelou para o
gosto religioso popular, tornando-se mega igrejas. Capela, centro,
comunidade e church, mesmo no Brasil, substituíram igreja,
por acolherem melhor e sem barreiras a pessoas de diferentes origens, como
divorciados, drogados e depressivos. Os ritmos utilizados no louvor, como
preparação para o culto ou apenas para entretenimento, passaram a ser "black
gospel", rock e jazz, entre outros. O ministério ativo de um pregador
carismático de personalidade cativante passou a ser buscado; sermões
focados na aplicação da Bíblia às questões do dia a dia passaram a ser práticas
das mega igrejas. A privatização americana da fé, buscando auxílio para
educação dos filhos, para união familiar e para emoções pessoais, passou a oferecer edifícios
novos e ministros bem treinados e eficientes, com atendimento a todas as
necessidades do ser humano.
Em suma, a “Geração do Eu” opõe-se frontalmente à visão cristã tradicional do trono do coração humano ocupado por Deus, não pelo egocentrismo. "Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas".