O Papa João XXIII,
responsável pelo Concílio, afirmou que a ideia lhe ocorreu como súbita
inspiração do Espírito Santo. Durante sua caminhada como sacerdote, ele tinha
tido oportunidade de conviver com católicos e não católicos, como judeus e
muçulmanos; isso e outras tendências que revelou em sua vida fizeram com que
ele encaminhasse o Concílio promovendo um "aggiornamento", uma
atualização na igreja, tornando-a mais afinada com o seu tempo. Houve um número
maciço de presença de cardeais, patriarcas, bispos e abades para o início dos
trabalhos. O discurso de abertura anunciou um concilio mais pastoral que
doutrinário, mais a favor de reformas do que contra algumas heresias. As
comissões permanentes eleitas eram equilibradas e internacionais, tendo sido
rejeitada de início a eleição direcionada para os peritos da Cúria Romana, que
haviam feito o trabalho preparatório. Os dois grupos de bispos, os
conservadores e os progressistas, tiveram a oportunidade de debater e mesmo de
entrar em conflito em muitos dos tópicos abordados no Concílio.
Muitos conservadores
não queriam o Concílio e tentaram mesmo sabotá-lo ou atrasar seus preparativos.
Eram em sua maioria italianos idosos, localizados no Vaticano, distantes do
mundo moderno e com grande influência histórica sobre os papas e o Catolicismo
no mundo todo. Os progressistas eram na maioria não italianos,
provenientes de várias partes do mundo e sem liderança única. Em meio às
reuniões, morreu o Papa João XXIII, sendo substituído por Paulo VI, que deu
continuidade aos trabalhos. No final, os 16 decretos do Concílio, com poucas
exceções, refletiram a conciliação alcançada com dificuldade entre
conservadores e progressistas. Ele representou uma ruptura com o espírito
intransigente de Trento e com a posição defensiva do Vaticano I, voltando a
face da Igreja Romana para o mundo, não em ira, mas em solicitude, em boa
vontade.
As mudanças
ocorridas por causa do Concílio causaram questionamentos no mundo católico.
Nova liturgia com o altar vindo para frente, sacerdotes de frente e olhando
para congregação, linguagem do povo em lugar do latim e interação entre os
participantes foram as primeiras mudanças sentidas. Na autoridade da Igreja,
poucas mudanças aconteceram, mantendo-se a estrutura piramidal, do poder do
Papa para baixo. Setores progressistas da igreja se frustraram e continuam
lutando para que o papado deixe de lado a postura que tinha assumido desde a
Idade Média; segundo os progressistas, o papa não devia agir como alguém que
estivesse fora da igreja ou acima dela. Questões como o aborto e o divórcio são
impostas de cima para baixo e não se discute. Por causa de tudo isso, a igreja
sofreu um êxodo de padres e freiras; a identidade dos sacerdotes parece ter
sido a principal causa do êxodo, pois o caráter sagrado do sacerdócio parecia
estar desaparecendo. A renovação carismática católica enfatizava o
cristianismo pessoal e introduziu o batismo pentecostal, como o “falar em
línguas”. No final da década de 1970, uma década depois do Vaticano II, a
igreja de Roma havia, de vários modos, se distanciado de sua fortaleza medieval
estabelecida em Trento. Sua jornada na Era das Ideologias tem sido uma
perigosa e às vezes incerta peregrinação, na companhia de seus "irmãos
afastados" protestantes.
Neste século XXI, a peregrinação continua, em um mundo cada vez mais tendente a estabelecer uma “nova ordem mundial”, de ideologia socialista, que gerou regimes comunistas em alguns lugares do mundo, com resultados nada animadores e perseguindo os seguidores da religião cristã, o “ópio do povo”, expressão divulgada por Karl Marx.