Do ponto de vista
protestante, o papado não é uma instituição de origem divina, mas resultou de
um longo e complexo processo histórico. A Igreja Católica em sua história
inicia a longa lista de papas com o apóstolo Pedro. Na citação bíblica “Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, a pedra não é Pedro
como chefe universal da igreja; as primeiras gerações da Igreja não entenderam
as palavras de Cristo dessa maneira.
Na sequência da
história da Igreja, não há uma base segura para afirmar que Pedro tenha estado
em Roma e sido o primeiro bispo daquela igreja. Sendo as igrejas governadas por
colegiados de bispos ou presbíteros no primeiro século, não se menciona qualquer
episcopado monárquico no Cristianismo.
Ainda na Igreja
Antiga, os bispos de Roma alcançaram grande importância. Alguns papas foram piedosos,
íntegros, com saber teológico e habilidade administrativa. Ao longo dos
séculos, muitos dos principais eventos da história do cristianismo nas áreas da
teologia, organização eclesiástica e relações entre a Igreja e a sociedade
tiveram conexão com a instituição papal. A função papal passou a ser atrelada
ao bispo de Roma a partir de meados do quinto século. Roma passou a ter uma importância
crescente desde o primeiro século, tornando-se a maior, a mais rica e a mais
respeitada comunidade de toda a cristandade ocidental, com provas disto em Atos
e na carta de Paulo aos Romanos. No segundo século, surgiu a tradição de que
tanto Paulo como Pedro, os dois apóstolos mais destacados, haviam sido
martirizados naquela cidade. A própria centralidade e importância da antiga
capital do Império Romano Ocidental também levou Roma a ser considerada sede da
Igreja. Na região oriental, competiam
pela supremacia em virtude de sua antiguidade e conexões apostólicas as igrejas
de Alexandria, Jerusalém, Antioquia e Constantinopla.
No quinto século, Leão I (440-461) é considerado por muitos historiadores como “o primeiro papa”, exercendo papel estratégico na defesa de Roma contra as invasões bárbaras. Gregório I (ou Gregório Magno: 590-604) foi o primeiro monge a ocupar o trono papal com uma marcante atuação. Um momento significativo na história do papado ocorreu no Natal de 800, quando Leão III coroou Carlos Magno como Sacro Imperador Romano-Germânico. Na época, o bispo romano já era considerado líder do Ocidente. Em muitas ocasiões, os papas tiveram relacionamento estreito e conflitivo com imperadores.
Houve períodos sombrios,
com imoralidade e corrupção na história do papado. Poderosas famílias controlavam
a Igreja, em um período de muita mundanidade na Igreja, atingindo sua
liderança. Papas reformadores procuraram moralizar a administração da Igreja,
tentando afastar males que a assolavam. O ápice do poder papal é considerado
por muitos historiadores como o pontificado de Inocêncio III (1198-1216), que concretizou
o ideal da “cristandade”, ou seja, uma sociedade plenamente integrada sob a
autoridade dos reis e especialmente dos papas. Ele foi o primeiro papa a
utilizar o título “Vigário de Cristo”.
Entre os séculos XIV
e XV houve novo declínio, com os papas residindo em Avinhão, na França, por
mais de setenta anos, sob a influência dos reis franceses. É o período chamado
de “Cativeiro Babilônico da Igreja”. Por outros quarenta anos, houve dois e até
três papas simultâneos em Roma, Avinhão e Pisa, no “Grande Cisma” situação
sanada por concílios, como o de Constança.
Entre os séculos XV
e XVI houve os chamados “Papas do Renascimento”, com poucas preocupações
espirituais e pastorais. O espanhol Rodrigo Borja (Alexandre VI - 1492-1503)
promoveu as artes e a beleza de Roma; Júlio II (1503-1513) foi um papa
guerreiro; Leão X (1513-1521) teria dito ao ser eleito: “Agora que Deus nos
deu o papado, vamos desfrutá-lo”. Foi o papa da época de Lutero. A“Contra-Reforma”
aconteceu com os papas Paulo III, Paulo IV e Pio IV.
A partir do século XVII, os conflitos entre Igreja e Estado continuaram a existir durante a Modernidade. A autoridade pontifícia é rejeitada não somente pelos protestantes, mas pela Igreja Oriental, que tem raízes tão antigas e apostólicas quanto à Igreja latina.