“Mas ainda que nós, ou um anjo dos céus,
pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!” Estas palavras fortes
ditas por Paulo aos gálatas, com aplicação também em outras igrejas por ele
acompanhadas, refletem a dificuldade da manutenção da fidelidade à primitiva
ortodoxia da Igreja Apostólica do primeiro século, ao sair ela de Jerusalém e
se confrontar com religiões, filosofias, culturas e costumes diferentes de
povos participantes do Império Romano. Após quinze séculos, foi longo o rol de
heterodoxias introduzidas de maneira dogmática na Igreja Cristã pelo
Catolicismo de Roma, descaracterizando a mensagem pregada pelo Salvador e
proclamada por seus seguidores. Vamos citar apenas os mais importantes.
Os desvios das heterodoxias católicas parecem
ter começado pelas preces para os mortos e pelo sinal da cruz,
ambos no terceiro século da Era Cristã.
Na mesma época foram introduzidas as velas de parafina na igreja,
vindo com elas a veneração aos anjos e santos mortos por volta do
4º século. A adoração a Maria, mãe de Jesus, com o uso do termo “Mãe de
Deus” aplicado a ela, foi aprovada no Concílio de Éfeso, em 431. A vestimenta diferente dos padres foi
introduzida no início do século VI, bem como a doutrina do purgatório, estabelecida
por Gregório, o Grande, no final do mesmo século. O latim como língua
das orações e dos cultos nas igrejas foi imposto pelo Papa Gregório I na
mesma época.
Roma e as demais cidades importantes do início da história da Igreja (como Antioquia, Alexandria, Cartago e outras) tinham seus bispos titulares. O papado com centralização no Bispo de Roma surgiu ainda sem definição histórica, já que Shelley aponta Leão I, em 440, como o primeiro papa a ser assim considerado. O costume pagão de beijar os pés de imperadores, que passou a ser utilizado como ritual diante do papa. A veneração da cruz, de imagens e relíquias foi autorizada por volta do século VIII, bem como o uso da “Água Benta”, misturada com uma pitada de sal e abençoada pelo padre. A canonização dos santos mortos foi feita inicialmente pelo Papa João XV. Jejuar às sextas-feiras e durante as quaresmas foram tradições impostas pelos papas, que se disseram interessados pelo comércio de peixe.
Por volta do ano 1000, a missa foi
desenvolvida gradualmente como um sacrifício e passou a ser obrigatória
no Século XI. O celibato do sacerdócio foi decretado no Concilio
de Latrão em 1139. O rosário, ou o terço de oração, foi introduzido
por Pedro, o Eremita, no ano de 1090, tendo sido copiado de hindus e muçulmanos.
A inquisição dos hereges foi instituída pelo Concílio de Verona, no
ano de 1184. A venda de indulgências, usualmente considerada como a
compra do perdão que permite indultar o pecado, começou no século XII, no final
do qual foi decretado o dogma da transubstanciação, pelo Papa
Inocêncio III. A confissão dos pecados ao padre, uma vez ao ano,
foi instituída pelo Papa Inocêncio III, no Concílio Laterano, no século
XIII. No mesmo século, foi decretada a adoração à hóstia pelo Papa
Honório. Ainda no mesmo século, a proibição da leitura da Bíblia aos
leigos e a sua inclusão na lista de livros proibidos foi decisão do
Concílio de Valência. No século XIV, a Igreja Romana proibiu o
cálice aos fiéis, instituindo o recebimento apenas da hóstia no Concílio
de Constância. No século XV, foi aprovada a doutrina dos 7 Sacramentos.
A oração da Ave Maria foi aprovada pelo Papa Sixtus V, ao final do
Século XVI.
O Concílio de Trento, de 1545, declarou que
a tradição tem autoridade igual à Bíblia. No mesmo conclave foram
incluídos à Bíblia os livros apócrifos, que não foram reconhecidos
como canônicos pela Igreja primitiva. A Concepção Imaculada da
Virgem Maria foi proclamada pelo Papa Pio IX. No ano 1870, o Papa Pio IX
proclamou o dogma da infalibilidade papal, condenando o “Modernismo”, bem
como todas as descobertas da ciência moderna, as quais não eram aprovadas pelas
Igreja. Condenou ainda as Escolas Públicas e reafirmou a doutrina de Maria como
“Mãe de Deus”. No ano de 1950, o dogma da assunção da Virgem Maria aos céus
foi proclamado pelo Papa Pio XII.