segunda-feira, 13 de julho de 2020

8. MONASTICISMO

O monasticismo surgiu no Oriente. A primeira forma de monasticismo foi a de Antônio (ou Antão), o eremita solitário, na segunda metade do século terceiro, que viveu 105 anos, apesar das provações da vida isolada. Com o aparecimento de Constantino, o martírio de muitos cristãos perseguidos deu lugar a uma multidão de pagãos sem convicção de conversão, levando ao declínio no compromisso cristão, que fez o movimento se alastrar. O martírio pela fé cristã deu lugar a uma luta para garantir os privilégios da igreja; ser cristão, antes um risco de vida, tornou-se "status" a ser conquistado. “A posição de bispo não pertence ao mais digno, mas ao mais poderoso", como afirmou Gregório de Nazianzo. O eremita se afastava mais do mundo da igreja, que se tornara uma instituição corrupta, do que do mundanismo.

No monasticismo, orgulho, rivalidade e excentricidade (tentações do mundo) eram substituídos por humildade, altruísmo e simplicidade (qualidades da alma). A fundação do primeiro monastério cristão é atribuída a Pacômio, em 320, com a instituição de uma forma de vida comum e regrada dos monges, que comiam, trabalhavam e adoravam; havia horário de trabalho manual, vestimenta uniformizada e disciplina rígida numa vida comunitária. O movimento espalhou-se pela Síria, Ásia Menor e Europa. Faziam-se votos monásticos em renúncia aos chamados "direitos básicos": posses materiais, felicidade conjugal e liberdade de escolha, raízes do ego e obstruções à comunhão com Deus segundo os monges. Com o tempo, a cela monástica tornou-se um gabinete de estudo e os monges tornaram-se estudiosos, importantes na preservação da herança cultural cristã e greco-romana. O primeiro monge erudito foi Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina. No Ocidente, o monasticismo foi introduzido por Atanásio, autor de "Vida de Santo Antônio", tendo em Ambrósio e Agostinho grandes defensores.

A constituição de vida monástica mais sólida do mundo ocidental foi a de Benedito de Nurcia, já no século sexto, com o Mosteiro de Monte Cassino, na Itália. A rígida disciplina beneditina inicial em suas "Regras Monásticas" não agradou inicialmente a todos, mas foi base para os mosteiros posteriores. A disciplina era fundamental para Benedito, combinada com um certo grau de liberdade. A vida monástica era vista como um tipo de fortificação em um mundo hostil e, para se entrar para ela, exigia-se um período experimental de um ano, após o que viriam os votos de pobreza, castidade e obediência. Cada mosteiro era equipado para suprir as necessidades da vida, com os monges tecendo suas roupas, fabricando seu vinho, com a participação de carpinteiros e pedreiros na comunidade. Benedito considerava os monges andando fora dos muros do monastério um grande perigo espiritual. Havia seis serviços religiosos a cada 24 horas de duração breve, em geral recitação de Salmos, e um de mais longa duração às 2 horas da madrugada, a vigília.

A ociosidade é hostil à alma" e o dia era ocupado com trabalhos manuais e leituras religiosas. No verão, as atividades aconteciam no campo e no inverno aumentava-se a leitura. O monastério beneditino era "um pequeno mundo em si mesmo, em que os monges viviam uma vida intensa, mas não sobrecarregada, que compreendia trabalho intenso na oficina e no campo e leitura séria".

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...