O século XII é a época da construção de grandes catedrais e do início das universidades. A versão arquitetônica das catedrais alia a razão humana (que busca os céus com seus arcos, pilares e camarários, buscando se elevar até o divino) com a luz de Deus (que desce para encontrar o homem, penetrando nas catedrais através das janelas coloridas de vidro chumbado). Escolas que existiam nas catedrais deram origem às universidades, revelando fome de conhecimento da vontade de Deus.
O século começa com grandes nomes de
intelectuais, como Gerbert (posteriormente Papa Silvestre II), Pedro Abelardo,
Bernardo de Clairvaux, até que, menos de um século depois, surgem as
Universidades: de Paris, Orleans e Montpellier na França; Oxford e Cambridge na
Inglaterra; Pádua e Bolonha na Itália. Eram inicialmente universidades sem
"campus", que mudavam de endereço constantemente, usando como método
didático o debate, perguntas e respostas, sugeridas pelo "Sic et
Non", obra de Abelardo.
O escolasticismo buscava conciliar as doutrinas
cristãs com a razão humana e organizar os ensinamentos da igreja. Viver
"religiosamente de maneira estudiosa" foi a marca da educação
medieval. Começando com os mosteiros beneditinos, passando por Carlos Magno, chegamos
aos mestres escolares, no início de revolução intelectual que passa por Pedro
Abelardo e chega a Tomás de Aquino; este pensador organizou os ensinamentos
tradicionais da igreja numa grande estrutura, quase cósmica, objetivando com
seu sistema uma perfeita harmonia entre as aspirações do homem e a luz da
verdade de Deus.
Desenvolvendo-se nesse contexto intelectual
medieval, o escolasticismo chegou a conclusões lógicas por meio de
questionamento, exame e organização de detalhes dentro de um sistema lógico. O
direito canônico estava para igreja, assim como o direito civil para o governo
secular. O direito canônico estabeleceu os direitos, deveres e poderes de todas
as autoridades da Igreja. Bolonha, na Itália, foi o centro de estudo do direito,
tanto o civil romano quanto o canônico; foi o local onde trabalhou Graciano,
autor de "A Concordância dos Cânones Discordantes", em 1140. Usando o
direito canônico, Inocêncio III (o "Vigário de Cristo"), na sua
consagração, baseou-se em Jeremias 1.10, que afirma: “Eu hoje dou a você
autoridade sobre nações e reinos, para arrancar, despedaçar, arruinar e
destruir; para edificar e plantar”. Com isso, tornou-se o papa de maior
poder e influência de toda a Idade Média.
Difundidos no meio intelectual ocidental da
época pelos árabes, Aristóteles (filósofo grego da antiguidade), Averróes
(filósofo muçulmano) e Maimônides (filósofo judeu) espalhavam ceticismo na Universidade
de Paris no século XIII; Tomás de Aquino (1224-1274) foi enviado da Itália para
Paris. Ele era um monge dominicano “de mente brilhante, atividade incansável
e disposição afável”, segundo Shelley. Aquino considerava a razão como o
maior dos atributos humanos, demonstrando erudição e fidelidade à igreja. Assim
sendo, ele examinou os escritos dos filósofos e reputou pontos, reconciliou
outros com o Cristianismo, e de seus
estudos resultou sua maior obra, a "Suma Teológica", um resumo do
conhecimento sobre Deus e sua Igreja. Nela ele faz distinção entre filosofia e
teologia, entre razão e revelação. Afirma não haver contradição entre
elas, já que ambas são fontes de conhecimento e vêm do mesmo Deus. Segundo
Aquino, a diferença entre elas está no método de busca da verdade. A razão pode
provar a existência de Deus, o criador; a revelação nos leva ao conhecimento de
Deus. Cristo obteve a graça da salvação, a igreja a comunica. A graça salvadora
chega o homem pelo canal dos sacramentos divinos, sendo o Sacramento dos
sacramentos a Ceia do Senhor com a transubstanciação. O pecado leva à contrição
(dor pelo pecado), que leva a confissão ao sacerdote (médico espiritual), que
aplica o remédio adequado e a absolvição. Finalmente vem a satisfação no ato de
penitência. Aquino aceitava a indulgência e o "tesouro de méritos".
É
possível conciliar razão e fé? O escolasticismo tentou discutir esse tema e encontrar
explicações racionais para a fé que professavam os cristãos medievais, buscando
harmonizá-la com a razão.