segunda-feira, 13 de julho de 2020

18. ASCENSÃO, QUEDA E REFORMA DOS MOSTEIROS


Shelley afirma: "A visão de Inocêncio III do Cristo soberano que governava, por meio de seu Vigário todas as nações, todo o conhecimento e toda graça nesta vida e na futura, encontrou um formidável rival na imagem do Salvador, que disse que as raposas têm tocas, os pássaros do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde deitar sua cabeça. Onde, afinal, está o verdadeiro Cristianismo? Em uma instituição sacramental ou num estilo de vida de abnegação?" O evangelho da pobreza voluntária ganhou força por causa do ressentimento contra o sacerdócio corrupto e negligente. Houve na Idade Média apelos para a reforma monástica: Arnaldo de Bréscia, no norte da Itália, e Pedro Valdo, rico comerciante de Lyon, na França, queriam purificar a igreja pelo retorno à vida simples dos apóstolos.
Stephen Neill divide a história missionária da Idade Média, com o protagonismo dos mosteiros, em dois períodos de 500 anos. No primeiro período, os monges agiram atraindo os bárbaros para o cristianismo; no segundo período, Patrício na Irlanda, Bonifácio na Alemanha, Cirilo e Metódio nas regiões eslavas tornaram verdadeiras as palavras "cruce, libro et atro" (cruz, livro e arado), resumo da atividade evangelística dos monges em seus mosteiros; as novas ordens mendicantes transformaram europeus cristãos nominais em genuínos seguidores de Cristo. A preservação dos textos seculares e cristãos foi tarefa dos mosteiros, como o Vivarium, um tipo de organização amplamente imitado. Além disso, a ordem franciscana liderou a tarefa de oferecimento de abrigo aos viajantes e de assistência aos enfermos.

As maiores ordens monásticas a partir dos Beneditinos de Bento de Núrcia e das Ordens de Cavaleiros foram:

·        A dos Cluniacenses, em Cluny, na França, resultado de uma reforma da Ordem Beneditina;

·        a dos Cistercienses, em Citeaux, na França, também seguindo a mesma ordem;

·        a dos Agostinianos, Ordem surgida como mendicante, seguindo as regras de Agostinho;

·        a dos Dominicanos, de Domingos Gusmão na Espanha, seguindo a mesma orientação agostiniana, que acabou conduzindo a inquisição;

·        a dos Franciscanos, de Francisco de Assis, na Itália, com regra original extraída das Escrituras, fazendo votos de pobreza absoluta;

·        e a Sociedade de Jesus, os Jesuítas, já na era da Reforma, formada por Inácio de Loyola, em Roma, na Itália.

Além das citadas, outras ordens existiram, de menor importância histórica.

Concluindo o assunto, a vida celibatária e ascética não é intrinsecamente mais piedosa do que a vida conjugal e social para o cristão. No entanto, por dez séculos, os monges, quase sozinhos, sustentaram o que havia de mais nobre e mais cristão na Igreja, embora de forma por vezes imperfeita. Bento de Núrcia, e mais que ele sua Regra, demonstra por sua biografia que o homem de Deus não poderia ter ensinado qualquer coisa sem antes a ter vivido.

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...