Houve momentos na história em que a Igreja
parecia estar dormindo, precisando de um despertamento; em outros, parecia ter
envelhecido, precisando de uma renovação: nos momentos extremos, parecia ter
morrido, necessitando de um avivamento ou mesmo de um reavivamento. Despertamento,
renovação e reavivamento aparecem nos anais da história da Igreja como
sinônimos de movimentos cristãos de revitalização.
Os dons do Espírito Santo estão presentes na
Igreja desde o seu início. A partir do Pentecostes, os seguidores de Cristo
foram usados pelo Espírito de maneira poderosa para demonstrar a presença de
Deus nos cristãos e na Igreja. A partir do século II, poucos registros existem
de milagres e maravilhas operadas pelos cristãos, a não ser de forma
esporádica, como o Montanismo, movimento liderado por Montano, que se fazia
acompanhar de profetisas, considerado herético pela Igreja.
Na Colônia de Massachusetts, voto e moralidade
pública eram controlados pela igreja com base em leis estabelecidas pelo
governo e baseadas na Bíblia. O ímpeto inicial dos puritanos da Primeira Aliança
arrefeceu e, já em meados do século XVII, surgiu a "Aliança pela Metade",
bem menos exigente que a primeira. No início do século XVIII, a herança
puritana já estava bastante desgastada e coube ao Grande Avivamento revitalizar
a vida espiritual das igrejas.
O Primeiro Grande Avivamento, na primeira
metade do século XVIII, teve Jonathan Edwards e George Whitefield como grandes
pregadores, iniciando na Nova Inglaterra e atingindo as colônias do centro e do
Sul. Só na Nova Inglaterra, cinquenta mil novos membros foram acrescidos às diversas
igrejas como resultado do Avivamento. O crescimento batista foi bastante
acentuado, tendo sido o batista Issac Backus, grande defensor da liberdade
religiosa na consolidação da nação americana, um dos frutos do avivamento. Sua
convicção era de que Deus determinara dois governos sobre a sociedade, um civil
e outro eclesiástico: "A religião é uma obediência voluntária a Deus
que a força não pode promover". A igreja estatal foi definitivamente
banida da Constituição norte-americana.
Despertamentos, renovações ou reavivamentos
continuaram existindo, não somente nos Estados Unidos, mas em todos os países
cristãos. O Segundo Grande Despertamento começou por volta de 1800, na
localidade de Cane Ridge, em Kentucky. O Primeiro Avivamento ocorreu em áreas
urbanas próximas ao litoral, o Segundo irrompeu na chamada “fronteira,” a
região rural do meio-oeste com sua população móvel e sua instável organização
social.
Charles Finney e Dwight Moody foram
reavivalistas do final do século XIX, quando surgiu nos Estados Unidos o
Movimento de Santidade (Holiness), proveniente de bispos da linha wesleyana, de
onde proviria o Movimento Pentecostal no início do século XX, o maior e mais
significativo movimento de renovação surgido nos Estados Unidos e com reflexos
ainda no século XXI. A partir de Charles Fox Parham, começou-se a difundir a
doutrina do batismo do Espírito Santo. Parham foi um líder cristão da linha wesleyana
que abriu uma escola teológica em Topeka, no Kansas. No ano final do século XX,
durante um seminário de estudos, a aluna Agnes Ozman tornou-se a primeira
pessoa a receber o batismo no Espírito, segundo relatam historiadores
pentecostais. Depois desse episódio, um pastor negro leigo chamado William
Joseph Seymour, também aluno de Parham, comandou o “Avivamento da Rua Azusa”,
em Los Angeles, na Califórnia, em 1906, movimento esse que divulgou o
Pentecostalismo.
A expansão alcançou não somente os demais
estados norte-americanos, mas também o mundo, chegando ao Brasil em 1911, com
Gunnar Adolf Vingren e Daniel Hogberg, que para cá vieram como batistas,
unindo-se à 1ª Igreja Batista de Belém, no Pará, de onde saíram com um grupo
para formarem a 1ª Igreja da Assembleia de Deus. A primeira onda do movimento
gerou no Brasil a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã do Brasil, fundada
por Luigi Francescon. A segunda onda trouxe a Cruzada Nacional de
Evangelização, posteriormente chamada de Igreja do Evangelho Quadrangular,
fundada nos EUA por Aimee McPherson. Outros movimentos foram O Brasil para
Cristo, de Manoel de Melo; Deus é Amor, de Davi Miranda; a Casa da Bênção, além
de outros, iniciados como cruzadas de cura divina e exorcismo. Atingindo as
igrejas tradicionais, surgiram a Convenção Batista Nacional, com Enéas Tognini
e o pastor José Rego do Nascimento; a Igreja Presbiteriana Renovada, e mesmo o
Movimento Católico Carismático. A terceira onda originou o Neopentecostalismo,
que começou no final dos anos 70 e perdura até hoje, com as igrejas Universal
do Reino de Deus, de Edyr Macedo; Igreja Internacional da Graça, de R. R.
Soares; Renascer em Cristo, de Estevam e Sônia Hernandes, além de muitas
outras.
No século XXI, continua o movimento pentecostal
a multiplicar-se com força, tendo, porém, gerado exageros e extrapolado a
genuína fé cristã. O Pentecostalismo como movimento dividiu a Cristandade em
duas partes: os carismáticos de um lado e os tradicionais (incluindo
protestantes e católicos) de outro.