segunda-feira, 13 de julho de 2020

6. CRISTIANIZAÇÃO DO IMPÉRIO

A palavra tetrarquia designa um sistema de governo em que o poder se divide entre quatro pessoas, denominadas tetrarcas. Foi a forma de governo introduzida pelo imperador romano Diocleciano, em 293, e que perdurou até c. 313. Até que Diocleciano assumisse o poder, houve caos e anarquia no Império Romano. A tetrarquia de Diocleciano previa dois "augustus" (imperadores) e dois "cesares" (subimperadores). Galério, um dos integrantes da tetrarquia, assinou em 311 o Edital de Tolerância, começando a dar fim à perseguição à igreja. Em 312, Constantino derrotou Maxêncio, outro integrante da tetrarquia, na ponte Milvia. Segundo o relato da história, antes da batalha, Constantino viu um sinal no céu, uma cruz brilhante onde se lia “Com isto vencerás”. O exército romano adorava Mitra, o deus Sol. Com sua fé oscilando entre o Deus Jeová dos cristãos e o Mitraísmo persa, o general mandou colocar o sinal nos escudos de seus soldados e venceu a batalha.

Em 313, aconteceu a liberdade de culto em todo o Império Romano.
Constantino pode ser apontado como o iniciador da cristianização do império, embora também tenha iniciado a interferência imperial na igreja. Nessa linha, convivendo a Igreja na época com o Arianismo, Constantino convocou o Concílio de Niceia, em 325, para decidir sobre a heresia ariana.

Em 330, na antiga região de Bizâncio, foi criada aquela que seria a capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla. Com o tempo, Constantinopla assumiria a importância que pertencia a Roma e mesmo a substituiria como capital do Império. Em 380, o Imperador Teodósio oficializou o Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Teodósio dividiu oficialmente o Império Ocidental e Oriental entre seus dois filhos, divisão essa que já se prenunciava há muito tempo.

Após a morte, Constantino foi sucedido por seus filhos, Constantino II, Constâncio e Constante, que dividiram o império em três partes, tendo o mesmo sido posteriormente reunificado por Constantino II.  Durante os reinados de Constantino e de seus filhos, com relação à igreja, já havia uma divisão, entre Ocidente e Oriente, com características próprias de ambas as partes, sendo Roma e Alexandria os centros ocidentais mais importantes, e Constantinopla e Antioquia os correspondentes na parte oriental.

Constantino converteu-se realmente ao Cristianismo, ou apenas utilizou-se dele politicamente? Helena, sua mãe, abraçou a fé cristã quando seu marido Constâncio Cloro a abandonou e ela influenciou o filho a seguir o mesmo caminho. Enquanto reinou, Constantino oscilou entre o Cristianismo e o paganismo, embora suas decisões tivessem favorecido muito à Igreja: símbolos pagãos sendo substituídos por cristãos nas moedas, direito da Igreja de assumir os bens dos mártires sem testamento legal, construção de templos e adaptações dos já existentes com dinheiro público, tudo isso gerou uma mudança de situação de perseguição a paz interna entre os cristãos, criando um clima favorável à adesão coletiva, deixando de lado a conversão individual com arrependimento dos pecados como meio de ingresso na Igreja.

Constantino foi um divisor de águas, o responsável pelo fim de uma era e pelo início de outra na história do Cristianismo. Em menos de um século, a Igreja Cristã passou da perseguição à tolerância e posteriormente à liberdade de culto. A Igreja outrora perseguida passaria a ser a religião oficial do Império Romano e começaria a perseguir quem não fosse cristão. A atuação de Constantino no Cristianismo trouxe consequências, já que o assim chamado primeiro “Imperador Cristão” passou a interferir nas decisões internas da Igreja como Pontifex Maximus, com ênfase na sua hierarquização e ortodoxia. A designação “Máximo Pontífice” assumida pelo imperador passaria a ser atribuída ao papa de Roma após a queda do Império nas mãos dos bárbaros germânicos.

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...