A palavra tetrarquia designa um sistema
de governo em que o poder se divide entre quatro pessoas, denominadas
tetrarcas. Foi a forma de governo introduzida pelo imperador romano
Diocleciano, em 293, e que perdurou até c. 313. Até que Diocleciano
assumisse o poder, houve caos e anarquia no Império Romano. A tetrarquia de Diocleciano
previa dois "augustus" (imperadores) e dois "cesares" (subimperadores).
Galério, um dos integrantes da tetrarquia, assinou em 311 o Edital de
Tolerância, começando a dar fim à perseguição à igreja. Em 312, Constantino
derrotou Maxêncio, outro integrante da tetrarquia, na ponte Milvia. Segundo o
relato da história, antes da batalha, Constantino viu um sinal no céu, uma cruz
brilhante onde se lia “Com isto vencerás”. O exército romano adorava Mitra, o
deus Sol. Com sua fé oscilando entre o Deus Jeová dos cristãos e o Mitraísmo
persa, o general mandou colocar o sinal nos escudos de seus soldados e venceu a
batalha.
Em 313, aconteceu a liberdade de culto em todo
o Império Romano.
Constantino pode ser apontado como o iniciador da cristianização do império,
embora também tenha iniciado a interferência imperial na igreja. Nessa linha,
convivendo a Igreja na época com o Arianismo, Constantino convocou o Concílio
de Niceia, em 325, para decidir sobre a heresia ariana.
Em 330, na antiga região de Bizâncio, foi
criada aquela que seria a capital do Império Romano do Oriente,
Constantinopla. Com o tempo, Constantinopla assumiria a importância que
pertencia a Roma e mesmo a substituiria como capital do Império. Em 380, o Imperador
Teodósio oficializou o Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Teodósio
dividiu oficialmente o Império Ocidental e Oriental entre seus dois filhos,
divisão essa que já se prenunciava há muito tempo.
Após a morte, Constantino foi sucedido por seus
filhos, Constantino II, Constâncio e Constante, que dividiram o império em três
partes, tendo o mesmo sido posteriormente reunificado por Constantino II. Durante os reinados de Constantino e de seus
filhos, com relação à igreja, já havia uma divisão, entre Ocidente e Oriente, com
características próprias de ambas as partes, sendo Roma e Alexandria os centros
ocidentais mais importantes, e Constantinopla e Antioquia os
correspondentes na parte oriental.
Constantino converteu-se realmente ao Cristianismo,
ou apenas utilizou-se dele politicamente? Helena, sua mãe, abraçou a fé cristã
quando seu marido Constâncio Cloro a abandonou e ela influenciou o filho a
seguir o mesmo caminho. Enquanto reinou, Constantino oscilou entre o
Cristianismo e o paganismo, embora suas decisões tivessem favorecido muito à
Igreja: símbolos pagãos sendo substituídos por cristãos nas moedas, direito da
Igreja de assumir os bens dos mártires sem testamento legal, construção de templos
e adaptações dos já existentes com dinheiro público, tudo isso gerou uma mudança
de situação de perseguição a paz interna entre os cristãos, criando um clima
favorável à adesão coletiva, deixando de lado a conversão individual
com arrependimento dos pecados como meio de ingresso na Igreja.
Constantino foi um divisor de águas, o responsável pelo fim de uma era e pelo início de outra na história do Cristianismo. Em menos de um século, a Igreja Cristã passou da perseguição à tolerância e posteriormente à liberdade de culto. A Igreja outrora perseguida passaria a ser a religião oficial do Império Romano e começaria a perseguir quem não fosse cristão. A atuação de Constantino no Cristianismo trouxe consequências, já que o assim chamado primeiro “Imperador Cristão” passou a interferir nas decisões internas da Igreja como Pontifex Maximus, com ênfase na sua hierarquização e ortodoxia. A designação “Máximo Pontífice” assumida pelo imperador passaria a ser atribuída ao papa de Roma após a queda do Império nas mãos dos bárbaros germânicos.