Com a Revolução
Francesa e o progresso científico, surgiram novas esperanças para o povo
francês. A queda da Bastilha iniciou uma era na qual se acreditou que a raça
humana estava melhorando e sendo mais feliz. Direito de participação política,
de votar e ser votado, bem como de ter liberdade de expressão era o sentimento
comum do povo francês, aos poucos espalhando-se para o europeu, no final do
século XVIII. No entanto, a Revolução, de certa forma, desviou-se de seus
ideais. Na França, após o movimento, um rei foi executado, uma república foi
estabelecida e a confusão reinou, até que, em um golpe de estado, Napoleão
assumiu o poder, como Imperador, restaurando a monarquia, enquanto a França se
mantinha em guerra contínua contra o resto da Europa.
Para o Cristianismo,
no entanto, surgiram novos desafios e dúvidas intelectuais, com a teoria
evolucionista, por exemplo, que dividiu seriamente os cristãos, os quais,
diante das necessidades das massas urbanas recém surgidas, procuraram atender
os pobres e oprimidos de perto com seus recursos, sem contar mais com o apoio
do Estado, enquanto levavam o evangelho aos de perto e aos de longe. A
tirania aristocrática ou principesca fora substituída por uma "tirania da
maioria", consequência da democracia, que era controlada por humores
instáveis em vez de uma liderança racional. A fé cristã passou a conviver com
um evangelho democrático, mais baseado na glorificação do homem do
que na de Deus.
O catolicismo
considerou, com muitos receios, os movimentos populares daquela época, e
continuou fechado em sua fortaleza medieval, reforçada a partir de Trento. Com
a posição católica de repúdio a todas as mudanças surgidas, os revolucionários
se voltaram contra a Igreja de Roma, quando milhares de sacerdotes foram
afastados ou exilados e um novo calendário rompeu com o Cristianismo e
substituiu a missa pelo "culto à razão". Em Notre Dame e nas
procissões, a "deusa da razão" surgiu em lugar dos símbolos
católicos, além da participação de jovens representando razão,
verdade ou natureza. Apesar do acordo estabelecido por
Napoleão com o Papa, que concedia alguns privilégios de volta à igreja, na
França a Igreja de Roma perdeu para sempre o poder. A aliança entre trono e
papado foi aos poucos sendo rompida por toda a Europa.
A Igreja Católica do
século XIX nunca aceitou ou se adaptou ao pensamento vigente na época, que
divorciou definitivamente a política da ética cristã. Nas terras italianas,
constituídas na época por sete estados independentes (além dos territórios
papais), um movimento de união levou Vitor Emanuel a ser proclamado Rei da
Itália, em 1861, quando suas tropas atacaram Roma e a sede do governo foi
transferida para lá. A cidade de Roma, que desde os tempos de Constantino havia
sido série temporal e espiritual do Catolicismo, levou o Papa Pio IX a se
sentir prisioneiro no Vaticano, quando as sedes da Igreja se viram envolvidas e
incorporadas à capital italiana, situação somente resolvida no século XX,
quando Mussolini restabeleceu a soberania do Estado do Vaticano.
"O papa
de Roma, como sucessor de Pedro, tem plena e direta autoridade sobre toda a
igreja e seus bispos; além disso, pronunciando-se ‘ex-cathedra’, é infalível e
imutável em suas decisões, sem necessidade do consentimento da igreja"; este é o dogma da infalibilidade papal, aprovado no tempo
de Pio IX, em 1870, como resposta católica à Modernidade. Diante dos problemas
que surgiram na Europa a partir da época da Revolução Francesa, Roma preferiu
se esconder atrás do muro de um papado exaltado e infalível. Disse não a
socialismo, racionalismo, liberdade de imprensa e de religião, escolas
públicas, sociedades bíblicas, separação entre igreja e estado e outras
imposições do progresso. A situação prevaleceu até o século XX, quando o
Concílio Vaticano II mudou radicalmente muita coisa no Catolicismo Romano.