quinta-feira, 9 de julho de 2020

38. MISSÕES AOS POVOS DISTANTES

Até o final do século XVIII, o Cristianismo quase não existia fora da Europa e da América; após dezoito séculos, o evangelho de Cristo estava longe de ser uma religião mundial. Hoje, tudo mudou. A grande expansão cristã se deu no século XIX. Os católicos na América, na Índia e na China foram os pioneiros nas missões cristãs ao mundo. Mais de um século após Colombo, os protestantes, inicialmente ingleses e holandeses, chegaram à América. Tudo no início tinha ligações com a colonização. Os primeiros a terem visão e ação missionária foram os pietistas morávios. Em 1722, um grupo de refugiados protestantes da Morávia refugiou-se na propriedade do conde Zinzendorf, na Saxônia, Alemanha, que se dispôs a ajudá-los. Formou-se a comunidade de Herrnhut (“Abrigo no Senhor”). Logo, refugiados de diversas origens protestantes foram para Herrnhut, tendo sido elaborado um pacto para a unidade cristã. Desse avivamento, da unidade e do amor fraternal surgiu uma visão missionária para alcançar o mundo inteiro. Um grupo de homens solteiros fez um pacto entre si para responder à primeira chamada de missões, preparando-se para isso. Os morávios começaram pela ilha de St. Thomas, nas Índias Ocidentais, trabalhando lá por cinquenta anos e batizando 13 mil pessoas, atingindo também St. Croix, St. John, Jamaica, Antígua, Barbados e St. Kitts. Oswald J. Smith registrou sobre os morávios: “Nas Antilhas, entre os índios norte-americanos, nas frias e desoladas praias da Groenlândia, nas trevas distantes da desprivilegiada África, bem como na América do Sul e em praticamente todos os países na Europa e na Ásia, os morávios plantaram a cruz e ganharam milhares de pessoas para Jesus Cristo”.

Cinquenta anos depois, o pastor batista inglês William Carey, inspirado pelos morávios, tornou-se o "Pai das Missões Modernas". No final do século XVIII, Carey fundou a Sociedade Missionária Batista e, um ano após, já estava pregando em Serampore, na Índia. Juntamente com mais dois missionários que se uniram a Carey, o trio organizou em 25 anos uma rede de estações missionárias em Bengala e fora dela. Carey supervisionou traduções completas e parciais da Bíblia, bem como a publicação de gramáticas, dicionários e traduções de livros orientais. Apesar das reações iniciais contrárias às missões, houve centenas de missionários enviados à África e à Ásia. Muitos morreram logo, por causa de malária ou vitimados por alguma tribo selvagem. Motivado pelo combate ao comércio de escravos, David Livingstone abriu o coração da África para a Era Moderna.

A forma de cooperação encontrada para financiar missões não veio de igreja de governo episcopal, presbiteriano ou congregacional, mas de uma quarta fonte chamada “sociedade missionária voluntária”, com o pioneirismo de Carey. Isso permitiu ações missionárias entre as denominações e encorajou a liderança de leigos. A primeira sociedade missionária internacional norte-americana foi da igreja congregacional, a qual enviou Adoniran Judson, sua esposa e Luther Rice para o Oriente. Tornando-se batista, o trio forçou a denominação a criar a primeira sociedade missionária batista norte-americana, seguida de presbiterianos, metodistas e outros.

De início, não se levava em conta o impacto que o evangelho, levado por ocidentais ao Oriente e à África, teria sobre as diferentes culturas. Para os iniciadores das missões modernas, o cristianismo em sua forma ocidental era a verdadeira visão da Igreja Cristã a ser pregada. Hoje, "cristianismo e cultura" constituem um tema que ainda se debate, à procura de uma solução satisfatória. O movimento missionário devolveu o evangelho ao lugar central do Cristianismo, recuperando a catolicidade, a universalidade que começou no mapa-múndi da oficina de sapateiro de Carey e que se ampliou para alcançar novos povos e terras.

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...