Até o final do século XVIII, o Cristianismo
quase não existia fora da Europa e da América; após dezoito séculos, o
evangelho de Cristo estava longe de ser uma religião mundial. Hoje, tudo mudou.
A grande expansão cristã se deu no século XIX. Os católicos na América, na
Índia e na China foram os pioneiros nas missões cristãs ao mundo. Mais de um
século após Colombo, os protestantes, inicialmente ingleses e holandeses,
chegaram à América. Tudo no início tinha ligações com a colonização. Os
primeiros a terem visão e ação missionária foram os pietistas morávios. Em
1722, um grupo de refugiados protestantes da Morávia refugiou-se na propriedade
do conde Zinzendorf, na Saxônia, Alemanha, que se dispôs a ajudá-los. Formou-se
a comunidade de Herrnhut (“Abrigo no Senhor”). Logo, refugiados de diversas
origens protestantes foram para Herrnhut, tendo sido elaborado um pacto para a
unidade cristã. Desse avivamento, da unidade e do amor fraternal surgiu uma
visão missionária para alcançar o mundo inteiro. Um grupo de homens solteiros
fez um pacto entre si para responder à primeira chamada de missões,
preparando-se para isso. Os morávios começaram pela ilha de St. Thomas, nas
Índias Ocidentais, trabalhando lá por cinquenta anos e batizando 13 mil
pessoas, atingindo também St. Croix, St. John, Jamaica, Antígua, Barbados e St.
Kitts. Oswald J. Smith registrou sobre os morávios: “Nas Antilhas, entre
os índios norte-americanos, nas frias e desoladas praias da Groenlândia, nas
trevas distantes da desprivilegiada África, bem como na América do Sul e em
praticamente todos os países na Europa e na Ásia, os morávios plantaram a cruz
e ganharam milhares de pessoas para Jesus Cristo”.
Cinquenta anos depois, o pastor batista inglês
William Carey, inspirado pelos morávios, tornou-se o "Pai das Missões
Modernas". No final do século XVIII, Carey fundou a Sociedade Missionária
Batista e, um ano após, já estava pregando em Serampore, na Índia. Juntamente
com mais dois missionários que se uniram a Carey, o trio organizou em 25 anos
uma rede de estações missionárias em Bengala e fora dela. Carey supervisionou
traduções completas e parciais da Bíblia, bem como a publicação de gramáticas,
dicionários e traduções de livros orientais. Apesar das reações iniciais
contrárias às missões, houve centenas de missionários enviados à África e à
Ásia. Muitos morreram logo, por causa de malária ou vitimados por alguma tribo
selvagem. Motivado pelo combate ao comércio de escravos, David Livingstone
abriu o coração da África para a Era Moderna.
A forma de cooperação encontrada para financiar
missões não veio de igreja de governo episcopal, presbiteriano ou
congregacional, mas de uma quarta fonte chamada “sociedade missionária
voluntária”, com o pioneirismo de Carey. Isso permitiu ações missionárias entre
as denominações e encorajou a liderança de leigos. A primeira sociedade
missionária internacional norte-americana foi da igreja congregacional, a qual
enviou Adoniran Judson, sua esposa e Luther Rice para o Oriente. Tornando-se
batista, o trio forçou a denominação a criar a primeira sociedade missionária
batista norte-americana, seguida de presbiterianos, metodistas e outros.
De início, não se levava em conta o impacto que o evangelho, levado por ocidentais ao Oriente e à África, teria sobre as diferentes culturas. Para os iniciadores das missões modernas, o cristianismo em sua forma ocidental era a verdadeira visão da Igreja Cristã a ser pregada. Hoje, "cristianismo e cultura" constituem um tema que ainda se debate, à procura de uma solução satisfatória. O movimento missionário devolveu o evangelho ao lugar central do Cristianismo, recuperando a catolicidade, a universalidade que começou no mapa-múndi da oficina de sapateiro de Carey e que se ampliou para alcançar novos povos e terras.