sexta-feira, 10 de julho de 2020

29. CATOLICISMO NA AMÉRICA

Em 1492, o italiano Cristóvão Colombo aportou em terras que julgou ser as Índias, na Ásia. Havia chegado à América, aportando na ilha de São Salvador, no Caribe, tomando posse da terra em nome dos reis católicos da Espanha Fernando e Isabel. Ainda no século XV, os católicos romanos iniciaram a catequese católica nas colônias espanholas e portuguesas na América Latina.

Portugal e Espanha eram as duas potências europeias dos séculos XV e XVI, época das grandes navegações oceânicas. A expansão colonizadora de espanhóis e portugueses na América do Sul foi tão grande em sua conquista territorial que o Papa Alexandre VI precisou ser consultado por ocasião do Tratado de Tordesilhas, que traçava uma linha divisória imaginária de Norte a Sul e determinava a porção leste (onde hoje está o Brasil) para Portugal, e a porção oeste para Espanha, onde estão hoje os demais países da América Latina. O papa delegou a responsabilidade de evangelização das novas terras aos reis de Portugal e Espanha. As três caravelas de Colombo inicialmente e, alguns anos depois, as de Cabral, trouxeram o Catolicismo espanhol e português para a América. Na segunda viagem de Colombo, os espanhóis descobriram ouro no Haiti, o que acabou criando a lenda do Eldorado americano.

O processo de reconquista na Península Ibérica do domínio muçulmano imprimiu à colonização espanhola do Novo Mundo um espírito de cruzada. A catequização dos nativos ficou a cargo dos jesuítas, cujos métodos incluíam a violência, uma vez que a extinção das idolatrias nativas (rituais, monumentos e objetos sagrados dos indígenas) era vista como necessária para a conversão. Deveriam ser postos debaixo do jugo e não há melhor pregação do que espada e vara de ferro foram expressões usadas por jesuítas sobre os índios, denotando a grande diferença cultural entre os jesuítas e os nativos, identificados como inferiores. O Concílio de Lima, no Peru, em 1551, determinou a repressão aos cultos da religião inca, punindo severamente os indígenas que os praticassem. A resistência dos indígenas à evangelização nunca desapareceu, mantendo os nativos seus cultos em âmbito familiar. O sincretismo religioso tornou-se prática indígena, que associavam seus deuses a santos e rituais da religião católica. Igrejas e cruzes foram construídas em locais considerados sagrados por esse povo. Entre os astecas, a aparição da Virgem de Guadalupe a um indígena, mesclada com uma das deusas da religião nativa, embora inicialmente reprimida pela Igreja, acabou sendo assimilada ao universo católico. Cinquenta anos após o descobrimento da América, os espanhóis já haviam saqueado e conquistado o Novo Mundo, partindo da Califórnia, ao Norte, seguindo até o extremo da América do Sul, na linha da costa do Pacífico. Cortês destruiu o grande império asteca no México em 1521 e Pizarro conquistou o império inca, no Peru, em 1533. Carlos V, sucessor de Fernando e Isabel no trono espanhol (o mesmo imperador do Sacro Império Romano-Germânico com quem Lutero se defrontou em Worms), viu navios carregados de riquezas chegarem do Novo Mundo à Espanha.

Nas terras da América portuguesa, os jesuítas chegaram com o primeiro Governador Geral Tomé de Sousa em 1549,  chefiados por Manuel da Nóbrega; quatro anos depois, aportou José de Anchieta. Eles participaram ativamente das decisões políticas quanto à colonização, inserindo-se nas estruturas sociais, econômicas e políticas das regiões onde se estabeleceram. Os jesuítas administravam suas fazendas como senhores de terras e de cativos (indígenas ou negros); problemas locais geraram conflitos que levavam os jesuítas a serem ocasionalmente expulsos, como aconteceu também na Ásia e na África. Na América portuguesa, foram expulsos de São Paulo e do Maranhão, devido a conflitos de interesses com autoridades. A expulsão definitiva dos jesuítas de Portugal e de suas colônias aconteceu em 1759, sob a liderança do Marquês de Pombal.

Com a chegada na Bahia, eles ergueram um colégio em Salvador. Embora tenham contribuído muito para a colonização do Brasil e fundação de várias vilas e povoações (muitas delas hoje cidades), os jesuítas não foram o primeiro grupo católico a atuar entre nós. A primeira missa foi rezada por Frei Henrique de Coimbra, ainda em abril de 1500, e sobre o fato histórico Pero Vaz de Caminha, o escrivão da armada de Cabral, deixou o seguinte pensamento: "Quem sabe esses infantis visitantes guardarão tão profunda impressão do que ali observaram, que ainda um dia virão por ele atraídos fazer parte de nossa comunhão nacional?" As primeiras povoações brasileiras foram Cananeia, no sul do atual estado de São Paulo (cuja fundação se deu em 12 de agosto de 1531) e São Vicente, um ano depois, no mesmo estado, onde ocorreu a primeira eleição da América para escolha dos primeiros Oficiais da Câmara (atualmente vereadores).

A conquista dos nativos para a fé católica, que Colombo achou que poderia ser por amor, acabou sendo pela força. A fé pagã indígena deveria ser ela suprimida ou adaptada? Adaptação ou conquista continua sendo um dilema para a pregação do evangelho às culturas pagãs. Na época, a tônica era a conquista, a imposição da religião do colonizador. Religiosos vieram para o Novo Mundo falando espanhol e português em nome da fé católica.

Tudo isso aconteceu na América antes da chegada do navio Mayflower à costa da Nova Inglaterra, em 1620.

ÍNDICE

Introdução 1.        O século apostólico 2.        Expansão, perseguição e defesa da fé 3.        Acusações e perseguição 4.        ...